Um cavalo traumatizado consegue ser montado sem embocadura?
Um cavalo traumatizado consegue ser montado sem embocadura?
A equação cavalo + humano é uma com muitos resultados.
Quando uma personalidade ansiosa treina um cavalo dominante, o cavalo provavelmente assumirá o controle da situação pela força pura. O mesmo cavalo, em contato com uma pessoa agressiva, se tornará um cavalo extremamente ansioso e reativo.
É por isso que o verdadeiro horsemanship começa com a compreensão de si mesmo, para depois entender o individuo equino à sua frente:
-Macho?
-Fêmea?
-Castrado?
-Garanhão?
-Dominante?
-Ansioso?
-Manso?
E assim por diante …
Enquanto você calcula quem você precisa ser nessa situação para dessensibilizar ou ensinar seu cavalo com o mínimo de pressão e conflito, entenda que você faz isso desta forma porque você entende que a tua identidade, a tua personalidade é algo para se domar antes de domar qualquer cavalo, até porque a livre manifestação da tua personalidade poderia deixar mais ansioso, um cavalo que já é muito ansioso ou traumatizado. Um treinamento bem-sucedido não possui nenhum destes atributos de personalidade como:
-Agressividade,
-Raiva,
-Medo,
-Ansiedade
etc …
(A livre manifestação de felicidade também deve ser controlada, porque é a intensificação de energia, o que o cavalo percebe e ao que ele reage, ou seja, ele não reage às palavras ou emoções em si, mas a sua intensidade)
Vamos analisar um exemplo:
Se você convida um cavalo traumatizado a conhecer você, dentro do redondel, e você entra no redondel jogando os braços para cima e gritando: (somente porque você é uma pessoa que fala tudo gritado) o cavalo não só não vai entender o teu perfil psicológico, como ele provavelmente irá reagir com a mesma intensidade, se não uma intensidade superior a tua, em muitos casos; exatamente o oposto do que deveria ser o teu objetivo nesta relação. As qualidades que queremos repassar para o cavalo, como harmonia, confiança, consistência e obediência, devem partir do humano. Você tem que virar um pessoa emocionalmente neutra (pelo menos ao redor do cavalo) em nome de um treinamento bem sucedido que visa a comunicação e não dominação do cavalo.
Os traumas que cada cavalo carrega também são de cunho individual, único, variando de indivíduo para individuo. Um ex-cavalo de corrida pode ser traumatizado por uma som alto que iniciaria uma corrida, por exemplo (porque foi condicionado a ouvir este som, antes de ser batido com arreio ou chicote, e puxado na boca, de forma dolorosa, para iniciar uma corrida, que do ponto de vista do cavalo, em sua fisiologia e psicologia, gera as mesmas respostas instintivas e bioquímicas do estado de fuga de um predador na natureza), ou um cavalo que foi espancado, por um chicote ou qualquer outro objeto, pode se assustar com você simplesmente levantando a mão para coçar a tua cabeça. Já um cavalo que foi manejado por uma pessoa ansiosa e identificou os humanos como fracos, sente a necessidade de dominá-los em todas as situações, porque não sente que os humanos podem garantir a sua segurança. Este é um instinto de primeiro grau que precisa ser atendido e tranquilizado antes de qualquer outra coisa.
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Certos treinadores não são bem-sucedidos em treinar todos os cavalos, simplesmente porque adotam um método que funciona na maioria dos cavalos, mas sempre é limitado pelo tempo ou objetivo. Assim, todo cavalo que se encaixa no intervalo de tempo que eles estão dispostos a doar para uma sessão de treinamento é um cavalo com “bom”, com “futuro”, e todo cavalo que não se encaixa nesse intervalo de tempo ou metodologia é taxado como um cavalo “problemático”, ou “perdido”. No entanto, isso reflete suas capacidades pessoais e não, de forma alguma, o potencial do cavalo. Todo cavalo tem potencial para ser manso e confiável, mas precisa de alguém que faça uma leitura correta daquilo que o imbuiu de medo, trauma ou insegurança; e isso pode, sim, levar mais do que uma sessão. Logo, todo cavalo consegue ser montado Bitless, desde que ele encontre alguém que verdadeiramente tenha conhecimento e doe tempo e paciência na construção da relação.
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