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O Que Falta Não É Amor Pelos Cavalos. É Coragem de Verdade.

Todo mundo ama dizer que ama cavalos.
É bonito, rende foto com filtro sépia no Instagram, transmite aquele ar de “sou conectado com a natureza” — e de preferência com um chapéu estiloso e um sorriso ensaiado.
Mas amar de longe, sem mexer na própria rotina, sem investir um centavo, sem criar nada que realmente mude o jogo… desculpa, mas isso não é amor.
Isso é autopromoção com cheiro de feno.

Se você realmente ama cavalos, você tem obrigação de agir.
Não é favor.
Não é caridade.
É responsabilidade.
Porque você faz parte desta vida neste planeta, respira o mesmo ar, bebe a mesma água, vive sob as mesmas leis naturais que eles.
Não existe “nós” e “eles” — existe um só sistema.
E quando você aceita viver num mundo onde cavalos são tratados como peças descartáveis, você está aceitando viver num mundo onde qualquer ser — inclusive você — pode ser descartado quando não serve mais.

A Ciência Já Falou. A Gente É Que Finge Que Não Ouviu.

Em 2012, na Universidade de Cambridge, alguns dos maiores neurocientistas do mundo assinaram o Ato de Consciência de Cambridge.
O documento é claro: todos os mamíferos, aves e até muitos outros animais possuem os substratos neurológicos necessários para a consciência.
Traduzindo: seu cavalo é consciente.
Ele sente, percebe, escolhe, se frustra, se alegra, sofre.
Não é opinião, não é “achismo”: é ciência.

E o que fazemos com essa informação?
Usamos quando é conveniente. Ignoramos quando incomoda.
Apontamos para a ciência quando ela confirma o que já queríamos ouvir, e viramos o rosto quando ela exige mudança real.
E isso diz muito sobre quem nós somos.
Não é ruído. Não é teoria.
É a verdade colocada no papel — e nós escolhemos qual verdade adotar e qual jogar fora.

Isso não é falta de conhecimento.
É falta de aplicação moral.
A informação existe. O que falta é caráter para vivê-la.

O Descarte Não É Acidente — É Estrutura

A indústria equestre adora vender a imagem romântica de cavalos vivendo histórias épicas com seus cavaleiros, vencedores orgulhosos e fotos emocionantes no pódio.
Mas a verdade é que o descarte não é uma fatalidade ocasional.
É parte central do modelo de negócios.

O cavalo nasce já com uma data de validade mentalmente marcada.
Se não atinge performance rápida, é encostado.
Se se machuca, vira peso morto.
Se envelhece, passa a ser “caro demais” para manter.
E o que acontece depois… bom, essa parte é escondida do público, para não estragar a narrativa.

O destino desses cavalos descartados cai no colo de ONGs superlotadas, protetores independentes sem recursos ou, quando tudo falha, no colo do governo — que paga com o seu imposto.
Sim, você já está financiando esse descarte. Querendo ou não.

O Governo Não É a Babá da Indústr

Se você acha que a solução é “o governo cuidar”, está sonhando.
Quando o Estado assume a conta, a indústria respira aliviada: “Podemos continuar descartando, alguém vai limpar depois.”
Isso é subsídio indireto à crueldade. É reforço positivo para práticas destrutivas.

A mudança não vai vir de decretos isolados ou discursos inflamados.
Ela só vai acontecer quando o ecossistema econômico mudar — quando for mais rentável e socialmente vantajoso tratar cavalos eticamente do que continuar explorando até quebrar.

A Ilusão de “Mudar Por Dentro”

Chega dessa fantasia de que, se entrarmos na indústria tradicional e mostrarmos bons exemplos, vamos “inspirar” a mudança.
Não vai acontecer.
A indústria não está esperando reforma.
Ela está lucrando com o modelo atual e não vê motivo para mudar.

Tentar mudar por dentro é como tentar convencer um tubarão a ser vegano oferecendo alface.
Ele pode até olhar… mas vai continuar comendo carne.
A estrutura não muda porque alguém entrou sorrindo.
Ela muda quando perde o monopólio da narrativa e do dinheiro.

Precisamos Construir Outra Coisa

O que precisamos é de um ecossistema paralelo, independente, lucrativo, irresistível e com ética no DNA.
Um sistema tão forte que faça a indústria tradicional parecer velha, cruel e ridícula.
Um sistema que não peça permissão, que não dependa de esmolas e que não viva de campanhas sazonais de “conscientização”.

E aqui vai o ponto que incomoda: tem que dar lucro.
Se não der, vai ser tratado como caridade — e caridade, por mais nobre que seja, não constrói estrutura sólida, não escala, não derruba gigantes.
Lucro é a linguagem que até os surdos para a ética entendem.

A Corrente do Bem — Financeira e Real

O que precisamos é criar uma corrente de coisas boas que se sustentem financeiramente e que incluam o descarte desde o início do ciclo:

  • Turismo, vivências e experiências que tornem o bem-estar aspiracional.

  • Produtos e serviços cuja venda financia diretamente aposentadorias, cuidados e reabilitações.

  • Conteúdo e narrativa que façam o público querer estar do “lado certo” não só moralmente, mas socialmente.

  • Planejamento de fim de carreira para cada cavalo desde o momento em que entra no sistema.

Quando ética e lucro andam juntos, a velha indústria perde a vantagem.
E quando ela perde a vantagem, perde poder.

A Verdade Seletiva É o Nosso Pior Vírus

A nossa doença mais grave não é a ignorância — é a verdade seletiva.
Aceitamos a consciência animal quando é conveniente (“ele me reconhece”, “ele me ama”), mas descartamos quando ela atrapalha (“ele não quer fazer isso hoje”, “ele está com dor e precisa parar”).

Essa seletividade é covarde.
E se aplica a tudo: aos cavalos, ao planeta, a nós mesmos.
Quando escolhemos qual verdade viver e qual ignorar, nos tornamos cúmplices de tudo o que fingimos não ver.

Ou Você Faz Parte, Ou Você Está de Plateia

Se você ama cavalos, você não está isento porque “não está na indústria”.

Você está no mundo. Você consome a cultura, você assiste os eventos, você compra produtos, você vota com a sua atenção e com o seu silêncio.

E não adianta vir com “mas eu não posso fazer muito” — pode sim.
Talvez você não mude tudo sozinho, mas você pode escolher onde coloca o seu dinheiro, o seu tempo, a sua voz e o seu talento.
E se todos que dizem amar cavalos fizessem isso, já teríamos outro cenário.

Você ama cavalos?
Então pare de falar — e comece a construir.
Invista, crie, participe, invente modelos que transformem o bem-estar em algo tão irresistível que ninguém queira ficar do lado de fora.
E que, de quebra, mostrem que a indústria tradicional é exatamente o que é: um dinossauro ultrapassado, alimentado por um sistema que já não tem lugar no futuro.

Porque amor que não age é só pose.
E pose não salva vidas.

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